TÍTULO

ESTENOSE DE ÍLEO ORIGINADA POR BRIDAS CONGÊNITAS EM UM RECÉM NASCIDO

INTRODUÇÃO

A estenose do intestino delgado apresenta-se como uma das anormalidades na formação gastrointestinal e é caracterizada pela suboclusão da luz do duodeno, jejuno ou íleo. Mesmo que existam poucos estudos avaliando a prevalência do nascimento de indivíduos com essa patologia, estima-se que essa formação anormal, em conjunto com a atresia intestinal, ocorra entre 1,6 a 2,9 indivíduos a cada 10.000 nascimentos. Entre as causas dessa anomalia destaca-se o bloqueio do suprimento sanguíneo para uma alça do intestino fetal ocasionando a necrose do intestino e o desenvolvimento de um cordão fibroso conectando as extremidades inicial e terminal.

RELATO DE CASO

RN, feminino, branco, natural de Rio Grande-RS. Sem intercorrência na gestação, nascido de parto vaginal com 40 semanas e três dias. APGAR 9/10 no momento do nascimento. Eliminou pequena quantidade de mecônio nas primeiras 24h. Com
aproximadamente 6h de vida, a paciente apresentou quadro de vômitos em grande quantidade, sendo realizado, posteriormente, lavado gástrico. Em seguida, foi passado sonda nasogástrica em frasco, com presença de substância de aspecto fecaloide. Solicitou-se radiografia de abdome que evidenciou dilatações de alças intestinais. Procedeu com requisição de enema opaco e encaminhamento para a UTI neonatal do HU FURG. Na UTI, ao exame físico, o RN encontrava-se REG, eupneico, hidratado, eutérmico, acianótico, anictérico e com tônus e turgor compatíveis. Pulsos simétricos e perfusão adequada. Peso de 3540g. Abdome distendido e com desconforto a palpação. RH presentes. Após a internação na UTI, realizou-se uma tentativa de descompressão com enemas, sem sucesso. Prosseguindo com orientação para cirurgia. Na cirurgia, iniciou-se com incisão transversa infra umbilical esquerda, feita a inspeção da cavidade foi observado grande dilatação de delgado. Com a exteriorização da alça foi possível notar área de obstrução com bridas congênitas e estenose de íleo, cerca de 10-15cm proximal a válvula íleo-cecal e microcólon de desuso. Foi optado por proceder a incisão transversal supra umbilical direita, onde pode-se com maior segurança afastar a região de má rotação e inspecionar com eficiência fora da cavidade. Posteriormente, os resultados histopatológicos da biópsia de cólon sigmoide mostraram a presença de células ganglionares. O segmento de intestino delgado apresentava extenso processo inflamatório crônico ulcerado com áreas de isquemia da mucosa e marcada hemorragia. Após o termino da cirurgia foi constatado que a obstrução foi gerada por bridas congênitas.

DISCUSSÃO

Entre os casos de obstrução intestinal fetal, a estenose de intestino delgado apresenta-se com limitado conteúdo relatado. A maior contemplação dos casos de obstrução aborda a doença de Hirschsprung e atresia de determinado segmento do trato gastrointestinal. A origem da estenose no caso relatado ficou evidenciada após a cirurgia, sendo encontrado, junto a área acometida, bridas de formação congênita. Fato que corrobora para a singularidade do caso.