Dados do Trabalho


TÍTULO

MANEJO DA INSTALAÇÃO DE CORPOS ESTRANHOS EM ARVORE RESPIRATÓRIA: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A aspiração de corpo estranho (CE) para vias aéreas inferiores é comumente relatada em crianças. Incomum em adultos, nessa faixa etária está relacionada à aspiração acidental de ferramentas de trabalho ou de fragmentos ósseos da cavidade oral. A presença de sintomas ocasionados pela inalação inadvertida de um objeto para o aparelho respiratório, bem como sua gravidade, depende do grau de obstrução das vias aéreas, pois em graus menores e em localização de árvore brônquica distal, produzem sintomas mais leves. A ausência de sintomas pode retardar o diagnóstico, visto que a presença dos mesmos direcionaria imediatamente o manejo por meio da broncoscopia flexível.

RELATO DE CASO

Paciente J.S.N., sexo masculino, 42 anos, foi submetido a tratamento odontológico, sob anestesia local consciente, no qual o dentista percebeu a ausência da ponteira metálica da broca utilizada. Apesar de o paciente não referir sensação de deglutição ou de engasgo, ou outras sintomatologias, foi encaminhado para o serviço de endoscopia digestiva alta (EDA), com a hipótese de deglutição desse instrumento. Após 6 horas do ocorrido, realizou a EDA, negativa para CE em trato gastrointestinal alto (TGIA). Embora tenha permanecido assintomático, submeteu-se a radiografia de tórax nas incidências PA e perfil, em que se evidenciou o CE, demonstrando uma imagem radiopaca linear, compatível com o formato da broca, localizada no brônquio inferior direito. Em sequência, o cirurgião torácico removeu o CE, por broncoscopia flexível, sob sedação, sem dificuldades. O paciente teve alta no mesmo dia, em uso de prednisona 20mg/dia durante três dias.

DISCUSSÃO

O presente relato é importante para que se ratifique a necessidade de um diagnóstico precoce de tal situação, para que não se ultrapasse a fase assintomática, que ocorre em cerca de 57% dos pacientes. Isso pode retardar o diagnóstico e evoluir para apresentação clínica aguda da tríade clássica (tosse, sibilância e murmúrio vesicular diminuído) associada à história de pequenos objetos metálicos desarticulados na cavidade oral, embora seja incomum. Dessa forma, a retirada do CE através da broncoscopia flexível, deve ter manejo urgente para que ocorra durante a fase de inflamação brônquica inicial, evitando a evolução para a fase progressiva granulomatosa pulmonar. No caso evidenciado, a ausência da broca, percebida pelo dentista, motivou a busca do paciente pelo serviço de endoscopia digestiva, visto que a hipótese diagnóstica inicial era de provável deglutição do objeto. Provavelmente a falta de percepção pelo paciente no momento da deglutição deve-se a resíduos de anestesia tópica sobre as mucosas digestiva e aéreas superiores. Frente ao não aparecimento da ferramenta no TGIA, surgiu a hipótese de broncoaspiração, que ao ser confirmada, deu seguimento ao tratamento aqui descrito. A broncoscopia é o método padrão ouro para a remoção de corpos estranhos instalados nas vias aéreas, com taxas de sucesso de aproximadamente 98%.

Área

URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS

Instituições

Centro Universitário de João Pessoa - UNIPE - Paraíba - Brasil

Autores

Vanessa Araújo Alves, Gabriella Bento de Morais , Bárbara Madruga Cavalcanti, Ana Beatriz Henriques Feliciano de Medeiros, Stéfany Lima Pontes, Monica I A Leite, Francisco Queiroga