Dados do Trabalho
TÍTULO
HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXA MACIÇA POR DOENÇA DIVERTICULAR: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
Por definição, os divertículos colônicos são herniações da mucosa e da submucosa colônica através da camada muscular do cólon. Essas lesões são adquiridas e denominadas falsos divertículos ou pseudodivertículos, enquanto os divertículos que envolvem todas as camadas da parede colônica são considerados como verdadeiros. O termo diverticulose refere-se à presença de divertículos assintomáticos no cólon, sendo uma alteração de baixo conhecimento pelos indivíduos acometidos. Na vigência de uma inflamação dos divertículos, os pacientes queixam-se, principalmente, de manifestações gastrointestinais. A diverticulite é a complicação mais comum da diverticulose, ocorrendo em cerca de 10% a 25% dos pacientes, e sua incidência aumenta com o avançar da idade. Este relato de caso foi realizado com o objetivo de mostrar que, na vigência de diverticulite aguda refratária ao tratamento clínico, a abordagem cirúrgica torna-se a opção terapêutica de escolha.
RELATO DE CASO
E.P.C., 66 anos, sexo masculino, foi admitido no setor de emergência do HRAN com queixa de múltiplos episódios de enterorragia franca, acompanhados de meteorismo e náuseas. Nega dor abdominal, febre, hematêmese, vômitos e outras queixas. Referia internação prévia, há 10 anos, com quadro semelhante, quando foi diagnosticado com diverticulite pós-colonoscopia. Hipertenso e diabético tipo II. Ex-etilista e ex-tabagista. Ao exame de admissão, paciente hipocorado (++/4+) com RHA aumentados e abdome indolor à palpação. Nos dias seguintes à internação, paciente apresentou novos episódios de enterorragia, fezes pastosas enegrecidas, com rajas de sangue e odor fétido, anemia, instabilidade hemodinâmica e necessidade de reposição volêmica e de hemotransfusões. Feito investigação clínica-radiológica e endoscópica exaustiva com resultados inconclusivos, além de tentativa de localização do sangramento através de EDA transoperatória, evoluindo, por fim, para colectomia total à Hartmann com confecção de ileostomia terminal decorrente de doença diverticular pancolônica refratária ao tratamento clínico.
DISCUSSÃO
O tratamento da diverticulite baseia-se essencialmente em medidas clínicas a fim de controlar a sintomatologia, evitando complicações. Entretanto, em vigência de uma diverticulite recorrente, refratária à terapêutica clínica, diante a instabilidade hemodinâmica, ou quando não for possível abordar o foco sangrante por procedimentos minimamente invasivos, a colectomia torna-se a terapia de escolha. De acordo com a literatura, a hemorragia gastrointestinal baixa maciça, embora extremamente rara, tem sido associada a altas taxas de mortalidade, principalmente, em pacientes idosos, geralmente portadores de comorbidades, preditores de mau prognóstico. Sendo assim, segundo Sinclair (2017), diante a pacientes com mais de 50 anos, que tiverem tido, pelo menos, quatro recorrências de diverticulite, a estratégica cirúrgica deve ser discutida em detrimento dos riscos de uma diverticulite recorrente.
Área
COLOPROCTOLOGIA
Instituições
HOSPITAL REGIONAL DA ASA NORTE (HRAN) - Distrito Federal - Brasil
Autores
Karoline Laurentino Lopes Pinto, Alexandre Rodrigues Alves, Carolina Martins Vissoci, Marcela Canavarro D’Arce, Sávio Arlindo Coelho Barbosa, Vitor Paiva Pires, Wendel Santos Furtado