Dados do Trabalho
TÍTULO
COLANGITE AGUDA POR ASCARIS LUMBRICOIDES
INTRODUÇÃO
O parasita helmíntico mais comum no trato gastrointestinal humano é o Ascaris lumbricoides, causador da ascaridíase. Com maior incidência em países subdesenvolvidos e periferias de grandes centros, possui um quadro clínico silencioso. O verme adulto normalmente vive no intestino delgado, podendo invadir ductos biliares ou pancreáticos. As migrações extraintestinais ocorrem quando a carga parasitária é alta, fazendo com que os vermes tendam a migrar para fora do seu habitat usual. Apenas 2,1% de todos casos são do ducto biliar, com manifestações relacionadas à colangite, colecistite ou pancreatite aguda.
RELATO DE CASO
Paciente masculino, 49 anos, etilista e usuário de drogas ilícitas há 34 anos, chega ao serviço de atendimento do hospital de emergências relatando intensa epigastralgia após ingestão de etanol, com tratamento de 30 dias com sintomáticos e inibidor de bomba de prótons por suspeita de doença do refluxo gastroesofagico, sem melhoras o paciente retornou ao serviço com dor forte em hipocôndrio direito e febre. Aos exames laboratoriais: leucocitose de 14.000, elevação de transaminases, fosfatase alcalina e bilirrubina total, porém hemodinamicamente estável, sendo solicitada ultrassonografia de abdômen que identificou numerosos áscaris nas vias biliares e na vesícula, assim, indicada lapatomia exploratória. Realizou-se uma colecistectomia; ligadura do ducto cístico; e incisão transversal no colédoco, explorando a via e confirmando numerosos áscaris no colédoco, que foram retirados retornando a conformação natural desta via. Realizou-se também uma coledocotomia com exploração da via, sem achados significativos, e introdução de dreno de Kher por 10 dias. No pós-operatório (D10) foi encontrada saída de áscaris, e por isso indicado o tratamento clínico e alta hospitalar, caracterizando uma boa evolução e adesão ambulatorial pós-alta, com resolução total do quadro.
DISCUSSÃO
A ascaridíase hepatobiliar é uma condição pouco usual, encontrada principalmente em regiões endêmicas do nemátodo, relatada pela primeira vez há pouco mais de 30 anos, portanto, recente. Devido a isso, liga-se a dificuldade de diagnóstico e tratamentos precoces, aumentando o risco de complicações devido à instalação e reprodução acentuada do verme no trato biliar. Os exames de imagem com dilatação biliar junto à suspeição clínica precoce foram fundamentais para a resolução deste quadro.
Área
VIAS BILIARES E PÂNCREAS
Instituições
Universidade Federal do Amapá - Amapá - Brasil
Autores
Elton Gustavo Boralli Ribeiro, Alessandro Alysson Nascimento Melo, Bruno da Silva Pingarilho, Denys Costa Santana, Lucas Almeida Ribeiro, Naiara Lorrani Silva de Lima, Vinicius Reis de Araújo, Amanda Casagrande Dias