Dados do Trabalho


TÍTULO

ETIOLOGIA VIOLENTA DO TRAUMATISMO CRANIENCEFALICO E SUA ASSOCIAÇAO COM FATORES SOCIODEMOGRAFICOS, RELATIVOS A HABITOS DE VIDA E DE EVOLUÇAO CLINICA

OBJETIVO

Avaliar a associação entre fatores sociodemográficos, relativos aos hábitos de vida e à evolução clinica com a etiologia violenta do traumatismo craniencefálico em uma coorte de pacientes atendidos em uma unidade de referência na cidade do Salvador, Bahia.

MÉTODO

Realizou-se um estudo de coorte com 307 pacientes do sexo masculino com idades variando entre 15 e 65 anos atendidos na emergência do Hospital Geral do Estado da Bahia (HGE), no período de 01 de agosto de 2007 a 31 de julho de 2008, com diagnóstico de TCE e que apresentaram concomitantemente sintomas neurológicos específicos para traumas de crânio. Questionários pretextados foram aplicados no ambiente hospitalar e no domicílio após a data do trauma. Análises bivariadas foram realizadas com o intuito de identificar o conjunto de variáveis que mais contribuíram para a explicação da incapacidade funcional aos seis meses após o trauma de crânio. Posteriormente, foram realizadas análises multivariadas utilizando-se o modelo de regressão logística não condicional. A modelagem foi realizada com o procedimento backward. Definiu-se para o estudo um nível de significância de 0,05.

RESULTADOS

São apresentados dados de 242 homens dos 307 acompanhados no estudo, com idades que variaram de 15 a 65 anos de idade, dos quais 88 (36,4%) tinham de 15 a 25 anos e 79 (32,6%) de 36 a 65 anos. Os indivíduos eram predominantemente de cor não branca (91,7%), e solteiros, separados ou viúvos (40,9%). A renda familiar referida era menor que R$ 450,00 para 80 (33,1%) e de R$ 451,00 a 900,00 para 83 (34,3%) deles. Entre os admitidos no estudo, 76 (31,4%) tinham hábito de consumir bebidas alcoólicas e 27 (11,2%) de consumir drogas. Observou-se associação estatisticamente significante entre a etiologia violenta do trauma as fatores faixas etárias de 15 a 25 anos (OR=2,70; IC95%: 1,55 – 6,32) e de 26 a 35 anos (OR=5,51; IC95%: 2,43 – 12,50), a cor da pele (OR=12,64; IC95%: 1,54 – 103,37), a renda familiar mais baixa (OR=2,61; IC95%: 1,20 – 5,67), a duração da hospitalização (OR=3,03; IC95%: 1,31 – 6,99), o tipo de socorro prestado (OR=4,55; IC95%: 2,29 – 9,05) e o uso de ventilação mecânica (OR=4,14; IC95%: 1,56 – 10,96).

CONCLUSÕES

A etiologia violenta do TCE se associa com fatores sociodemográficos e econômicos como a idade mais jovem, a cor da pele preta/parda e a renda mais baixa. Vários fatores têm sido atribuídos ao fato dos indivíduos do sexo masculino têm sido mais afetados por todas as causas externas de morbimortalidade, desde a maior exposição a comportamentos violentos e afinidade com os signos do machismo como armas e carros, à realização de trabalhos mais arriscados e ao consumo de álcool e drogas. O tipo de socorro e o uso da ventilação mecânica sugerem a gravidade inicial do trauma, para os quais políticas publicas de segurança, de acesso a renda e educação devem ser fortemente presentes na sociedade no sentido de redução das desigualdades e consequente violência urbana.

Área

TRAUMA

Instituições

Unifacs - Bahia - Brasil

Autores

Manuela Amoedo Cox, João José Gomes Neto, Hélio Tourinho Diniz Gonçalves Neto, Herles Naum Oliveira de Queiroz, Mariana Pereira Jorge, Milena Aquino Meirelles Leite Neves, Rodrigo Alves Pinho, Helena Fraga Maia