TÍTULO

DIAGNOSTICO DA ESTEATO-HEPATITE NAO-ALCOOLICA (EHNA) EM PACIENTES OBESOS MORBIDOS SUBMETIDOS A CIRURGIA BARIATRICA.

OBJETIVO

Diagnosticar Esteato-Hepatite Não-Alcoólica nos pacientes obesos mórbidos submetidos à cirurgia bariátrica, de forma a demonstrar o achado de biópsia hepática intraoperatória com diagnóstico mais grave do que o resultado da ecografia.

MÉTODO

Estudo com 46 pacientes obesos mórbidos (IMC>40 ou >35 associado à comorbidades), de ambos os sexos (37 do sexo feminino), submetidos à cirurgia da obesidade, sendo todos os procedimentos realizados pela mesma equipe cirúrgica, com pacientes dos serviços público e privado, no período compreendido entre 21/11/2018 e 30/01/2019. Desses pacientes, 45 apresentavam ecografia no pré-operatório e, destes, 33 realizaram a biópsia hepática intraoperatória. Os dados da ecografia de abdome realizada antes do procedimento cirúrgico foram contrastados com os achados da biópsia intraoperatória do fígado. Foi utilizado o critério histopatológico das Sociedades Brasileiras de Hepatologia (SBH) e Patologia (SBP) para diagnóstico de EHNA.

RESULTADOS

Entre os pacientes com ecografia normal, 14.29% apresentaram alterações histopatológicas em graus considerados detectáveis com precisão por exames de imagem (>33% de depósito gorduroso, de acordo com a Organização Mundial de Gastroenterologia) e 64.29% apresentaram algum grau de esteatose hepática (>5% de depósito gorduroso, de acordo com os padrões SBH/SBP). Entre os pacientes com alterações ecográficas indicando esteatose, 57.89% apresentaram graus de esteatose considerados na faixa de imprecisão dos exames de imagem (<33% de depósito gorduroso) e 21.05% apresentaram grau de esteatose dentro dos padrões de normalidade (<5% de depósito gorduroso). Já em relação à presença de EHNA, de acordo com os critérios da Sociedade Americana para Estudo do Fígado, 21.43% dos pacientes com ecografia normal e 52.63% dos pacientes com ecografia alterada tinham EHNA à histopatologia. Por fim, foi constatado que 72.73% dos pacientes obesos mórbidos estudados apresentaram algum grau de esteatose hepática e 39.39% possuíam EHNA. Em outra perspectiva, ao comparar os critérios da Associação Americana para Estudo do Fígado e o escore NAS para diagnóstico de EHNA, foi constatado que o segundo foi capaz de diagnosticar metade dos pacientes em relação ao primeiro.

CONCLUSÕES

Neste trabalho percebeu-se a imprecisão do exame ecográfico quanto à detecção de alterações gordurosas no fígado, já que aproximadamente ⅔ dos pacientes com ecografia de laudo normal apresentaram algum grau de alteração esteatótica à histopatologia, além da alta taxa de exames ecográficos realizados com baixa precisão diagnóstica. Foi possível ainda demonstrar uma relação íntima entre a doença gordurosa hepática e a obesidade mórbida, de modo que mais de 70% dos pacientes obesos mórbidos desta amostra tinham esteatose hepática e aproximadamente 40% apresentaram EHNA. No que diz respeito aos critérios para diagnósticos de EHNA, este estudo reafirma o achado de outros trabalhos de que o escore NAS não deve ser utilizado para diagnóstico.