Dados do Trabalho


TÍTULO

PERFURAÇÃO POR CORPO ESTRANHO EM ÍLEO TERMINAL : RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Relatos na literatura de complicações devidas à ingestão de corpos estranhos durante a dieta são frequentes. Os ossos de frango, espinhas de peixe e palitos-de-dente estão entre os mais comuns. Grupos de risco incluem crianças, portadores de deficiência mental, pacientes psiquiátricos, por ocasião de ingestão de álcool, ou aqueles que o fazem propositadamente
A maioria dos corpos estranhos ingeridos passa, em até uma semana, por todo o trato gastrointestinal (TGI) sem qualquer intercorrência. Em 1% dos casos, entretanto, ocorrem complicações como perfuração intestinal, principalmente quando se trata de objetos longos e pontiagudos.
As perfurações gastrointestinais por corpos estranhos podem se manifestar de diversas maneiras, como sangramentos digestivos, peritonite difusa ou localizada e obstrução.São apresentações menos comuns: pancreatite, abscessos hepáticos, apendicite, fístulas, hérnia inguinal irredutível, intussuscepção e até quadros semelhantes à doença de Crohn. O tempo de aparecimento dos sintomas pode variar de horas a anos após a ingestão.
Nas porções abdominal e pélvica do trato digestivo, as lesões ocorrem principalmente em íleo, junção ileocecal e junção sigmoide-retal. Goh et al. descreveram o íleo terminal como o local com mais frequência de perfuração, (39%) seguido pelo jejuno (27%).

RELATO DE CASO

M. A. S, sexo feminino, 63 anos, atendida na urgência cirúrgica do Hospital Nossa Senhora do Bom Conselho/AL com quadro de dor abdominal, febre e vômitos há 48 horas. Ao exame físico apresentava-se eupneica, febril, normocorada, com dor em andar inferior do abdome, principalmente em fossa ilíaca direita, com sinais de irritação peritoneal. Indicada Apendicectomia. Durante o inventário da cavidade não foram observadas alterações em apêndice cecal, cólon sigmoide ou reto. Optou-se por prosseguir o inventario da cavidade para descartar divertículo de Meckel, quando para nossa surpresa nos deparamos com corpo estranho (espinha de peixe), perfurando o íleo distal há cerca de 20 cm da válvula íleo-cecal, sendo realizada a ileorrafia.

DISCUSSÃO

O diagnóstico de perfuração por corpo estranho é muitas vezes difícil. Isto ocorre devido à grande quantidade de locais do trato gastro intestinal suscetíveis, ao desconhecimento sobre a ingestão pelo próprio paciente e às várias manifestações clínicas encontradas. Essa possibilidade deve sempre ser pensada em pacientes idosos com sintomas abdominais agudos.
O cirurgião geral deve ter sempre em mente a possibilidade de perfuração gastrointestinal em pacientes que apresentam sintomas abdominais agudos atípicos. Em caso de dúvida, deve-se fazer a exploração abdominal.
Em um estudo publicado em 2011, pela Revista de Gastroenterologia Digestiva, com 43 pacientes, idade média foi de 37,2, com mediana de 41 anos, (1,8 a 84 anos). O sexo predominante foi o masculino representando 65% dos pacientes. Foi observado predomínio de adultos de 44% dos casos, seguidos de crianças em 35% dos casos e de idosos em 21% dos casos.

Área

URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS

Instituições

Hospital Nossa Senhora do Bom Conselho - Alagoas - Brasil

Autores

LAVINIO JULIANO ARAUJO BARBOSA, JOSE ROBERTO CAVALCANTE DE NOVAIS, KARLOS HENRIQUE FERREIRA LEÃO LISBOA, MÁRCIO MONTEIRO DAVILA MELO, INGRID RAMALHO DANTAS DE CASTRO