Dados do Trabalho


TÍTULO

LITIASE BILIAR E ILIO BILIAR: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O Ílio Biliar (IB) consiste numa classificação de colecistite complicada e rara, em que ocorre uma comunicação anormal entre a via biliar e o intestino, onde um cálculo biliar extenso acaba por migrar para a luz entérica, causando obstrução mecânica. O IB corresponde a cerca de 1% a 4% dos casos de obstrução mecânica, principalmente em idosos com mais de 65 anos.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo feminino, 58 anos, admitida na urgência do HUL-SE, com queixa de dor abdominal, há cinco dias, que se intensificou nas últimas 48 horas, evoluindo com quadro de constipação há 1 dia, associado à náuseas, vômitos e distensão abdominal. A paciente relata crises de dor há cerca de 4 meses, na região de hipocôndrio direito e epigástrio. Ao exame físico: apresentava-se hipocorada, normotensa, abdome distendido, doloroso à palpação difusamente (descompressão brusca +), hipertimpânico à percussão, com ruídos hidroaéreos diminuídos. Foram solicitados exames laboratoriais, TC de abdome e pelve sem contraste, além de prescrita reposição volêmica, analgesia e dieta zero. Os resultados dos exames laboratoriais (Hemograma, ureia, creatinina, sódio, potássio e glicemia ao acaso) indicaram DM II (Glicemia=340 mg\dl), ureia e creatina elevada e leucocitose (24.720 mm³), enquanto as demais análises estavam dentro dos padrões referenciais normais. Na TC, foi visualizada imagem sugestiva de cálculo radiopaco a cerca de 40 cm da válvula ileocecal (Ponto de obstrução), com distensão de intestino delgado. Com isso, foi indicado o procedimento cirúrgico: laparotomia exploratória, que evidenciou sofrimento de alças nas proximidades do cálculo + enterotomia com retirada de cálculo de cerca de 5 cm + enterorrafia + lavagem de cavidade abdominal com SF 0,9% + fechamento da parede abdominal em 2 planos, sendo mantida a antibioticoterapia preventiva. A paciente aceitou bem a dieta líquida de prova que foi introduzida no 2º DPO; no 3° DPO teve dieta branda bem aceita, abdome flácido e pouco dolorido, além de primeiro quadro de eliminação de fezes após a cirurgia, sendo observada por mais 2 dias para analisar a evolução clínica. Durante todo o tempo de internação fez uso de antibioticoterapia (Metronidazol + Ceftriaxona). A paciente teve alta hospitalar no 6° DPO com orientações para o retorno via ambulatorial para eventuais revisões.

DISCUSSÃO

O íleo biliar é uma patologia rara, podendo gerar dúvidas em qual a conduta seria melhor para o paciente. Porém, é de consenso entre a comunidade científica que trata-se de uma manifestação eminentemente cirúrgica, e que deve ser de conhecimento prévio, principalmente por profissionais da urgência e emergência, uma vez que o tratamento é cirúrgico corrigindo a obstrução, em alguns casos é necessário realizar outros procedimentos, como colecistectomia e correção de fístulas, que de maneira geral dependem do suporte hospitalar, uma vez que prologam o tempo cirúrgico e também o risco de complicações por múltiplos procedimentos.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

Universidade Tiradentes - Sergipe - Brasil

Autores

Francisco Daniel Nunes Cruz, Luan Mateus Rodrigues Sousa, Artur Neves Cardoso, Pedro Alves Figueiredo Neto, Clarisse de Souza Silva, Samuel Bezerra Machado Junior, Katarine Carvalho Caetano, José Aderval Aragão