TÍTULO

CIRURGIA TORACICA ONCOLOGICA EM PACIENTES OCTOGENARIOS: UMA REALIDADE

OBJETIVO

Introdução
A população idosa brasileira é de quase 30 milhões, sendo 14% da população total. Em nosso meio, o câncer de pulmão é a segunda neoplasia mais incidente no sexo masculino e a quinta no sexo feminino.(1). A proporção de idosos com câncer de pulmão continua a aumentar e o tratamento cirúrgico ainda é o padrão ouro (2). Pode ser desafiador indicar a ressecção pulmonar para os octogenários devido à maior morbimortalidade cirúrgica, mesmo as opções mais econômicas, tais como a segmentectomia.
Objetivo
Demonstrar retrospectivamente os desfechos clínicos e cirúrgicos de um grupo de octogenários submetidos à cirurgia torácica oncológica em Hospital privado especializado ao atendimento do idoso na cidade de São Paulo.

MÉTODO

Realizada análise retrospectiva de prontuários; os critérios de inclusão foram: idade maior ou igual a 80 anos, estágio oncológico precoce, comorbidades clínicas não limitantes e volume expiratório forçado no primeiro segundo maior que 1L. Avaliamos as seguintes variáveis: idade, sexo, presença de enfisema, história tabágica, comorbidades, tipo histopatológico, estadiamento, morbidade operatória e sobrevida.

RESULTADOS

De agosto de 2016 à dezembro de 2018, 256 pacientes foram submetidos à ressecção pulmonar por câncer, sendo 12 octogenárioS; foram 41,7% lobectomias, 50% segmentectomias e 8,3% ressecções de tumores de mediastino. Destas, 41,7% foram minimamente invasivas. Em relação a histopatologia 50% eram adenocarcinoma pulmonar, 25% carcinoma espinocelular pulmonar, 16,7 % tumor carcinóide típico e 8,3% timoma. Todos casos de câncer de pulmão eram estádio inicial (I e II); 66,7% dos pacientes possuíam espirometria normal e nunca fumaram. Metade dos pacientes possuíam duas comorbidades ou mais. 91,7% dos pacientes estavam vivos em 3 meses e 83,3% estavam vivos em 6 meses. Houve apenas um óbito por pneumonia pós-operatória. Apenas 25% dos pacientes apresentaram complicações pós operatórias consideradas leves, tais como pneumonia e fístula aérea prolongada.

Discussão

A cirurgia torácica oncológica evoluiu muito nas últimas décadas devido aos grandes avanços no estadiamento, avaliação pré-operatória e cuidados peri operatórios.
A assistência perioperatória prestada à estes pacientes baseou-se em algumas etapas: reunião de preparo pré operatória com familiares e pacientes, suplementação dietética com imunomoduladores, utilização de maltodextrina para abreviação do jejum, utilização de técnicas da Medicina Integrativa (como acupuntura e massagem),, anestesia combinada, priorização do VATS e fisioterapia intensa com mobilização precoce. Certamente, esta assistência integral permitiu resultados cirúrgicos tão favoráveis nesta população específica.

CONCLUSÕES

A cirurgia torácica oncológica em pacientes octogenários é uma realidade factível e apresenta bons resultados tanto a curto como longo prazo. Entretanto, é fundamental um preparo perioperatório adequado além da utilização da VATS, sempre que tecnicamente possível.