Dados do Trabalho


TÍTULO

TRAQUEOSTOMIA CIRURGICA E USO DE DUPLA ANTIAGREGAÇAO PLAQUETARIA SEM COMPLICAÇOES HEMORRAGICAS: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O emprego de antiagregantes plaquetários no cenário da terapia intensiva é crescente. Dessa forma, cirurgiões e intensivistas cada vez mais, lidam com a traqueostomia sob risco de sangramento. Estudos realizados nas últimas décadas demonstram diferença irrelevante no sangramento transoperatório com ou sem uso de ácido acetilsalicílico (AAS). Igualmente, a associação entre dupla antiagregação plaquetária (DAP) e maior ocorrência de sangramento tem se mostrado pouco evidente. Este relato propõe-se a divulgar a realização de traqueostomia cirúrgica, sem complicações hemorrágicas, em doente renal crônico, dialítico, e coronariopata, com risco cardíaco de Goldman classe II, sob uso de DAP.

RELATO DE CASO

A.A.O, masculino, 66 anos, foi admitido no Hospital Regional de Cajazeiras, apresentando dispneia intensa, associada a desconforto torácico e cianose de extremidades. Antecedentes de Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes Mellitus e Insuficiência Renal Crônica foram relatados. Inicialmente, foi administrada oxigenioterapia através de ventilação não invasiva, sendo observada piora do desconforto torácico e rebaixamento do nível de consciência. Realizou-se intubação orotraqueal em sequência rápida e introdução de ventilação mecânica em modo de volume controlado. Superada a emergência hipertensiva, o paciente evoluiu hemodinamicamente estável, em uso de AAS, Clopidogrel, Sinvastatina, Heparina não fracionada (HNF), Caverdilol, Enalapril e insulina NPH. No oitavo dia de internação, foi realizada extubação, sendo mantida ventilação com máscara de Venturi. Na manhã seguinte, A.A.O evoluiu com insuficiência respiratória aguda, necessitando de nova intubação orotraqueal. Passada uma semana, após tentativas de desmame ventilatório sem sucesso e diante da necessidade de ventilação mecânica em longo prazo, optou-se pela realização da traqueostomia. 48 horas antes do procedimento, o intensivista suspendeu a profilaxia com HNF. No entanto, em sessão de hemodiálise 4 horas antes da traqueostomia, o paciente recebeu 7500 UI da droga. Foi solicitado coagulograma, que estava dentro do limite da normalidade. Nenhuma complicação hemorrágica imediata ou tardia foi observada com a realização do procedimento. A.A.O segue internado na unidade de terapia intensiva em tratamento clínico.

DISCUSSÃO

O caso apresentado alude à controversa discussão sobre o uso de antiagregantes plaquetários no período perioperatório. Conforme demonstram as publicações de Cabrini et al (2008); Mariani, Ciccone e Marinangeli (2015), casos semelhantes foram conduzidos com técnica percutânea sem complicações. Na situação abordada, tendo em vista a média complexidade do serviço e maior experiência do cirurgião com a técnica cirúrgica, esta foi preferida. Diante do êxito obtido e considerando a futura realização de mais estudos, ampliando a amostra e comparando as duas técnicas, espera-se maior facilidade na condução de pacientes que se beneficiam de traqueostomia, mas necessitam do uso contínuo de DAP.

Área

CIRURGIA CABEÇA E PESCOÇO

Instituições

Faculdade Santa Maria - Paraíba - Brasil

Autores

Joice Holanda Dias, Myreia Petrônio Leite, Maria Eduarda Soares Barros, Beatriz Cristina Soares Barros, Francisco Cristiano Soares Macena