Dados do Trabalho


TÍTULO

FISTULA CAROTIDO-CAVERNOSA: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A fístula carótido-cavernosa é o fluxo sanguíneo entre a artéria carótida interna e o seio cavernoso. Essa comunicação arteriovenosa apresenta intenso fluxo e alta pressão, apresentando quadro clínico característico. O desvio do fluxo de sangue cérebro-orbitário acarreta no comprometimento das estruturas anatômicas nutridas pelo seio cavernoso. Ocorre tipicamente na presença de proptose pulsátil com sopro e podendo, na maioria das vezes, apresentar-se como conjuntivite, glaucoma unilateral ou doença de Graves.

RELATO DE CASO

Paciente feminina, 65 anos, hipertensa, chega à emergência do Hospital de Clínicas de Passo Fundo referindo aumento de volume no globo ocular direito há aproximadamente 3 anos, associada a redução da acuidade visual ipsilateral. Negava demais sintomas sistêmicos ou neurológicos. Ao exame físico, apresentava hiperemia conjuntival à direita com proptose, Glasgow 15 e acuidade visual reduzida. Não apresentava sinais de irritação meníngea ou déficit motor. A Tomografia Computadorizada de órbita foi compatível com fistula carótido-cavernosa à direita, com imagem sugestiva de aneurisma sacular entre os segmentos cavernoso e oftálmico da artéria carótida interna direita. Angioressonância de encéfalo demonstrou lesão em região orbital direita, possivelmente relacionada à lesão expansiva. Angiografia tornou evidente uma fístula carótido-cavernosa à direita, com drenagem para a veia oftálmica superior direita, nutrida pelas artérias carótidas interna e externa direita e interna esquerda, compatível com fístula do tipo IV de Barrow. Foi programado tratamento endovascular, o qual ocorreu sem intercorrências, havendo embolização parcial de fístula dural de seio cavernoso. Paciente recebeu alta hospitalar 4 dias após o procedimento e segue assintomática e estável clinicamente até a data do presente relato.

DISCUSSÃO

Os resultados terapêuticos da patologia evoluem com êxito em 85-90% dos casos em diferentes séries, no entanto, uma ausência crônica de perfusão adequada dos sítios envolvidos pode gerar o desenvolvimento de oclusão venosa, retinopatia proliferativa, hemorragia vítea, paralisia de nervos cranianos, amaurose e epistaxe, o que pode causar risco iminente de vida ao paciente. Nesse contexto, o caso apresentado obteve sucesso terapêutico através de exame clínico, tomografia computadorizada e angioressonância em uma primeira etapa e, posteriormente, angiografia cerebral e cervical, as quais confirmaram a fístula. O tratamento endovascular, procedimento atual de eleição, tanto por via arterial quanto venosa foi escolhido.

Área

CIRURGIA CABEÇA E PESCOÇO

Instituições

HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PASSO FUNDO - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Estevao Ramon Chichelero, Francisco Da Silva, Manoela Batista Garcia, Anna Letycia Brignoli Lima, Emily Silveira Neto, Paulo Mesquita Filho