Dados do Trabalho
TÍTULO
NEOPLASIA COLORRETAL EM PACIENTE JOVEM: UM RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
O câncer colorretal (CCR) constitui o terceiro tipo mais comum de câncer no Brasil. Historicamente, a maior incidência é a partir da sexta década de vida. Assim, o rastreamento geralmente não é recomendado para indivíduos abaixo dessa faixa etária, pois o risco de carcinogênese é menor. Porém vem se observando cada vez mais pacientes abaixo dos 50 anos com esse diagnóstico (cerca de 20% dos casos), descrevendo-se uma discreta predileção pelo gênero masculino.
Hábitos de vida com maior consumo de calorias, de alimentos processados e de gordura animal, menor consumo diário de fibras, verduras e frutas, obesidade, sedentarismo e tabagismo são fatores relacionados ao aumento da incidência dessa patologia.
Os adenocarcinomas representam a quase totalidade dos CCRs. Não existe nenhum sintoma clássico que sinalize o diagnóstico. A doença pode ser inclusive totalmente assintomática, sendo diagnosticada em um exame de rastreio, por exemplo.
Apesar dos avanços em diagnóstico e tratamento, a mortalidade causada por esses tumores continua alta, sendo sua sobrevida média global em cinco anos em torno de 40% para países em desenvolvimento.
RELATO DE CASO
ICVS, 35 anos, feminina, natural de João Pessoa-PB, sem comorbidades, procurou o Centro de Cirurgia do aparelho digestivo (CECAD) devido à queixa de dor em hipocôndrio direito e empachamento, há 1 mês. Foram solicitados exames de imagem e laboratoriais, por suspeita de colelitíase. Realizou USG de abdômen total, onde se puderam observar múltiplos implantes tumorais em lobo direito do fígado. Em seguida, fez colonoscopia, que revelou tumoração em cólon sigmoide, o qual ocluía 50% da luz intestinal e a biópsia confirmou tratar-se de adenocarcinoma. Após angio-TC e volumetria do fígado, observou-se lobo esquerdo com apenas 28% do tamanho do parênquima hepático total. Realizou quimioterapia neoadjuvante e após as sessões, a paciente foi submetida à embolização química do ramo portal direito, resultando em aumento do parênquima hepático esquerdo para 58% e atrofia do lobo direito, além de desparecimento de 90% dos implantes tumorais e involução por completo do tumor em região sigmoide. Foi indicada a cirurgia de ressecção hepática (trissegmentectomia hepática - lobectomia hepática direita e segmentectomia IVA e B). Paciente reagiu de forma satisfatória, recebendo alta no 21ºDPO. Aguarda realização de colectomia esquerda.
DISCUSSÃO
A paciente diverge da literatura em relação à epidemiologia, uma vez que é do sexo feminino, com idade inferior a 50 anos, além de não apresentar nenhum grande fator de risco para o desenvolvimento da patologia.
Dentro do grupo de pacientes com idade até 50 anos, o CCR é geralmente diagnosticado mais tardiamente, e uma doença avançada leva ao potencial pior prognóstico. Assim, é importante que a população tenha conhecimento dos efeitos e critérios de rastreamento, bem como que as queixas, mesmo dos pacientes jovens, não sejam subestimadas, a fim de possibilitar o diagnóstico precoce e maior chance de cura.
Área
COLOPROCTOLOGIA
Instituições
UPE - Pernambuco - Brasil
Autores
Agripino Joaquim de Melo Neto, Agripino Joaquim de Melo e Silva, Juliana Dantas Abrantes de Melo