Dados do Trabalho
TÍTULO
TRANSPOSIÇÃO CORRIGIDA DE GRANDES ARTÉRIAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS CLINICAS - UM RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
As cardiopatias congênitas possuem prevalência de aproximadamente 4,8/1.000 entre os nascidos vivos, a transposição corrigida das grandes artérias (TCGA) representa apenas cerca de 1% do grupo por ser uma doença rara. Os tipos de lesões associadas determinarão a taxa de sobrevivência dos indivíduos acometidos, alguns podem ser assintomáticos, apresentando apenas eletrocardiograma ou radiografia alterados.
RELATO DE CASO
N.J.O, feminino, 37 anos, foi atendida em pronto socorro de unidade hospitalar queixa-se de edema com piora progressiva e dispneia. Apresentava também cianose, pressão arterial de 100x60mmHg, desdobramento fixo de B2, sopro sistólico (3+/6) em focos pulmonar e tricúspide. Em sua história patológica pregressa contavam o diagnóstico de transposição corrigida de grandes artérias, hipertensão, insuficiência cardíaca de classe funcional III, implante de marca-passo e bandagem da artéria tronco pulmonar.
Em exames prévios apresentou situs solitus em levocardia, conexões atrioventricular e ventrículoarterial discordantes, ventrículo direito (VD) à esquerda, conectado ao átrio esquerdo (AE), com presença de hipertrofia e dilatação. Sua valva tricúspide possuía folhetos espessados e regurgitação acentuada, com disfunção sistólica de VD moderada. A artéria aorta emerge do VD com discreta regurgitação, valva mitral com regurgitação discreta e eletrodos de marca-passo implantados em VD e AE.
DISCUSSÃO
A TCGA é caracterizada por discordância atrioventricular e ventriculoarterial concomitantes, podendo desenvolver outros defeitos, como bloqueio atrioventricular total, disfunção ventricular e defeitos valvares. A doença propicia que o ventrículo sistêmico entre em falência pela sobrecarga de pressão promovida. Para a melhora das repercussões hemodinâmicas, é feita a bandagem da artéria tronco pulmonar, procedimento que promove proteção dos pulmões, mas não trata a patologia, sendo paliativo quando não existe possibilidade da realização de procedimento definitivo, com a troca arterial. Tal procedimento também previne e corrige falha de ventrículo direito, visto que ocorre a alteração da forma do ventrículo direito por desvio septal, o que resulta na redução da regurgitação tricúspide e melhora a função do próprio ventrículo direito.
A paciente apresenta uma patologia rara, compatível com a vida, mas que frequentemente acomete a função cardíaca. O diagnóstico pode ser feito precocemente através de ecocardiograma fetal, o que melhora seu prognóstico, mas é frequentemente realizado apenas após o nascimento, com base nos sinais clínicos. Normalmente na quarta década de vida é comum o aparecimento de sinais de insuficiência cardíaca direita, como no caso desta paciente. É de grande importância o acompanhamento contínuo das alterações morfofuncionais e eletrofisiológicas cardíacas desses pacientes para realização de intervenções quando necessário, como o implante de marca-passo quando há efeitos de condução e bandagem de tronco pulmonar, que foram realizados neste caso.
Área
CIRURGIA VASCULAR
Instituições
Instituto Hospital de Base - Distrito Federal - Brasil
Autores
Matheus Moreno de Oliveira, Ana Carolina Gomes Siqueira, Coralina Maria Moraes Marques, Luiza Amélia Marques Vinhal de Carvalho, Ana Beatriz Pereira de Souza, Gustavo Werneck Ejima, Eduardo José Ferreira Sales, Jéssica Danicki Prado Fernandes