Dados do Trabalho
TÍTULO
PIODERMA GANGRENOSO POS-MAMOPLASTIA REDUTORA
INTRODUÇÃO
O pioderma gangrenoso (PG) é uma doença inflamatória e neutrofílica rara, ligada ao fenômeno de patergia ou a doenças sistêmicas com etiologia indeterminada. O diagnóstico é feito com base na evolução e na exclusão de outras afecções. É uma complicação pós-operatória rara, cujas manifestações são lesões ulceradas e dolorosas com evolução rápida e progressiva. O presente trabalho relata o caso de uma paciente do sexo feminino que desenvolveu PG pós-mamoplastia redutora.
RELATO DE CASO
Paciente caucasiana, de 41 anos de idade, submetida à mastoplastia de redução associada à histerectomia por videocirurgia. Recebeu alta hospitalar no 2º dia pós-operatório, assintomática, sob antibioticoterapia ciprofloxacina 12/12h por 7 dias e em boas condições clínicas. No 3º dia de pós-operatório, a paciente apresentou febre de 38,5º Celsius, retornando ao Hospital. O hemograma revelou discreta leucocitose, proteína C reativa ligeiramente aumentada, entretanto a radiografia de tórax e os exames de urina encontram-se dentro dos limites da normalidade. No 4º dia de pós-operatório, a dor e a febre continuavam a oscilar com o uso de dipirona, com quadro de náuseas associado, o curativo apresentava drenagem de secreção com aspecto piosanguinolento, com lesões cutâneas violáceas, que evoluíram para necrose e destruição total da pele, atingindo os planos mais profundos. Houve troca do antibiótico, por não haver remissão do quadro com ciprofloxacina, por claritromicina e a paciente apresentou quadro de hipersensibilidade do tipo alérgica. No 10º dia foi iniciado tratamento com imunossupressor em altas dosagens de predinisona e feita a colocação de curativos de hidrogel, com melhora do quadro e remissão dos sintomas. O período de internação foi no total 22 dias, com perda ponderal de 8kg. A cicatriz da mama ocorreu por volta do 2° mês após alta, com a interrupção da corticoideterapia, por segunda intenção. Evoluindo sem áreas de hipertrofia, predominando áreas de hipopigmentação, com preservação dos complexos aréolo-mamilares. No 7° mês pós-operatório, não foram mais aplicadas medicações sistêmicas, havendo cicatrização completa das lesões mamárias. Atualmente faz uso de medicação tópica para clareamento da pele.
DISCUSSÃO
A lesão característica inicia com uma pústula estéril com centro necrótico, com coloração vermelho-azulada, evoluindo rapidamente para ulceração. A paciente não respondeu à antibioticoterapia, devida negatividade de micro-organismos patogênicos na cultura. O tempo de evolução é variável, podendo ser de 15 dias a 10 anos, início após qualquer tipo de trauma é possível, que é evidenciado nesta paciente com o ato cirúrgico. O diagnóstico é clínico e o tratamento empírico por sua etiologia ser inespecífica. A paciente tem história de artrite reumatoide, estando no conjunto de doenças sistêmicas que podem desencadear tal processo. Além disso, a patergia e alteração da imunidade celular estão relacionadas à doença.
Área
CIRURGIA PLÁSTICA (Inclusive neoplasias malignas de pele)
Instituições
CESMAC - Alagoas - Brasil
Autores
MARCUS VINÍCIUS QUIRINO FERREIRA, INGRID RAMALHO DANTAS CASTRO, MARILIA REBECCA FERREIRA RODRIGUES, FELIPE ARAUJO MENDONÇA COSTA