Dados do Trabalho


TÍTULO

HIDROCELE FEMININA – UM DESAFIO AO DIAGNOSTICO

INTRODUÇÃO

Hidrocele feminina ou cisto do canal de Nuck é uma afecção rara decorrente da obliteração incompleta do processo vaginal, após passagem pelo canal inguinal. Clinicamente, apresenta-se como massa palpável, não redutível, na maioria das vezes indolor, que pode projetar-se desde a região inguinal até grandes lábios. Importante seu diagnóstico diferencial na avaliação de pacientes com queixa de abaulamento e/ou edema na região genital. O presente trabalho se propõe a apresentar um caso clínico de cisto do canal de Nuck tratado cirurgicamente com êxito.

RELATO DE CASO

Feminino, 36 anos, refere surgimento de nódulo em região de grande lábio direito, indolor, não aderido a planos profundos, de aparecimento espontâneo e crescimento progressivo ao longo de 3 meses. Nega trauma ou sinais flogísticos durante ou prévios à evolução do quadro. Relatou ainda protuberância crônica na região inguinal direita, associada a desconforto local ao levantar-se, curvar-se ou levantar peso. Optado por iniciar propedêutica com ultrassonografia abdominal, que mostrou hérnia inguinal indireta à direita, com saco herniário contendo alça intestinal, redutível, além de imagem cística alongada, com paredes espessas e lisas, no grande lábio direito, que aparenta se estender pelo canal inguinal ipsilateral, sugerindo cisto de canal de Nuck. Realizada tomografia e ressonância magnética de abdome inferior e pelve que revelaram uma formação cística na cavidade pélvica insinuando-se para região inguinal direita, estendendo-se até grande lábio. Diante da hipótese diagnóstica de hidrocele de Nuck, a paciente foi submetida a exérese do mesmo, através de acesso cirúrgico por inguinotomia, com ressecção total do cisto.

DISCUSSÃO

A hidrocele feminina, também chamada de cisto do canal de Nuck ou hidrocele de Nuck, tem uma baixa incidência. Aparece mais frequentemente em mulheres durante a infância, embora às vezes seja diagnosticado em pacientes na idade adulta. Na maioria dos casos, a paciente apresenta um pequeno abaulamento na região inguinal próximo aos grandes lábios, de consistência macia, que cresce progressivamente com o tempo. O diagnóstico exige exame de imagem para sua elucidação, podendo ser feito por métodos mais simples, como ultrassonografia. Quando o diagnóstico não é conclusivo ou há dúvidas, é possível recorrer à tomografia computadorizada e / ou à ressonância magnética, onde se observa uma massa cística tensa com paredes finas no canal inguinal. O diagnóstico diferencial deve incluir hérnia inguinal, hérnia crural, adenopatias, neoplasias benignas e malignas, afecções inflamatórias e ginecológicas. O tratamento de escolha é a intervenção cirúrgica eletiva.

Área

GINECOLOGIA

Instituições

Hospital Universitário da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora - Minas Gerais - Brasil

Autores

José Otávio Guedes Junqueira, Thaisa Pestana Sousa, Bárbara Magalhães Munhoz, Débora Faria Nogueira, João Lucas Gonçalves Morais, Fernando Mendonça Vidigal, Maria Cristina Vasconcelos Furtado, Bruna Teixeira Almeida