TÍTULO

PSEUDO-ANEURISMA DE ARTÉRIA HEPÁTICA DIREITA - COMPLICAÇÃO PÓS EXCISÃO DE HEMANGIOMA

INTRODUÇÃO

Pseudo-aneurisma de artéria hepática é uma lesão vascular rara, com apresentação clínica inespecífica e etiologia variada, incluindo traumas abdominais, procedimentos cirúrgicos, infecções, anomalias congênitas, entre outras. Este relato visa apresentar um caso raro de pseudo-aneurisma de ramo de artéria hepática direita (AHD) e hemobilia no pós-operatório de hemangioma hepático roto.

RELATO DE CASO

RRS, feminino, 41 anos, chega à emergência com quadro de dor torácica em aperto e relato de episódios de hematêmese e enterorragia. Refere ter sido submetida 2 meses atrás, à cirurgia de hemangioma hepático roto. No momento, estava hipocorada 1/4+, anictérica, com dor à palpação difusa de abdômen, sem demais alterações. Internada para investigação, apresentou 6,5 de hemoglobina, 19,3 de hematócrito; Endoscopia Digestiva Alta (EDA): ectasia venosa em esôfago distal; Tomografia Computadorizada (TC) abdômen e pelve: possibilidade de hematoma intraparenquimatoso, formação que sugere pseudo-aneurisma de ramo de AHD, Mallory-Weiss? (MW), lacerações/hematomas residuais no parênquima hepático, pequenos abscessos hepáticos, vesícula biliar tópica, distendida com cálculos e conteúdo denso. Recebeu 2 concentrados de hemácia (CH).
Evoluiu com piora da anemia e episódios de melena e hematêmese, e foi encaminhada para CTI, até ser transferida para hospital com cirurgia vascular de alta complexidade para tratamento cirúrgico com embolização de artéria hepática guiada por radiologia.
Após 10 dias, apresentou anemia grave, leucocitose, PCR 3,34, recebendo CH frequente, em uso de Ciprofloxacino + Metronidazol. Evoluiu hipocorada 3/4+, taquicardica, com enterorragia, melena e hematêmese, e episódio de hipotensão (60x40mmHg), responsiva à hidratação venosa rápida. EDA: ectasia vascular em esôfago distal (MW?) e coagulo em papila duodenal.
Foi realizada ligadura da AHD e colecistectomia, devido à impossibilidade de aguardar transferência. Encontrado pseudo-aneurisma de ramo de AHD com sangramento profuso de aparelho digestivo e hemobilia. Evoluiu sem intercorrências pós-operatórias e recebeu alta em 15 dias, com orientações de retorno ao ambulatório da cirurgia geral para controle.

DISCUSSÃO

Aneurisma de artéria hepática foi descrito pela primeira vez em autópsia por James Wilson, em 1819 e o primeiro tratamento cirúrgico foi realizado em 1903 por Kehr. A incidência dessa afecção arterial tem aumentado nas últimas décadas em razão, entre outras, do aumento do número de procedimentos percutâneos diagnóstico e terapêutico do sistema biliar. A TC, em especial a angioTC, mostrou-se capaz de realizar o diagnóstico de pseudo-aneurisma — com sensibilidade de 100% e especificidade de 90% — de forma rápida e não-invasiva, útil principalmente em pacientes gravemente enfermos. As opções de tratamento são ligadura do aneurisma, excisão, enxerto venoso, ressecção hepática e embolização. Este último é o tratamento de escolha para aneurisma intra-hepatico e tem aumentado a sobrevida desses pacientes.